sábado, 28 de abril de 2012


EDUCAÇÃO QUE FALHA – OS FILHOS NAUFRAGA.
Não chega à ser um provérbio, mas ainda sim é uma realidade.  Educação têm sido um enigma à ser desvendado por muitos pais, que cortam um dobrado para manter os filhos encima dos trilhos.  A sensação é que todo dia surge um desafio novo, imposto por eles, diante de um mundo cada vez mais confuso, sem um referencial certo à seguir, acreditando e torcendo que o seu seja o melhor para a sua família.
Num mundo de atrativos tão diversificados, a educação encontra seu primeiro paradoxo, ou seja, deixar que os filhos usufruam de tantos entretenimentos, inclusive tecnológicos, ao mesmo tempo que eles irão, gradativamente, promover o distanciamento dos filhos com os pais, enquanto estes continuarão a acreditar que, enquanto fornecem, estão comprando a atenção deles, o que a realidade um dia mostrará de forma crua, que você esteve justamente fazendo o contrário.
Filhos sempre nascem curiosos, carentes e indisciplinados.  Uma mistura perigosa que irá requerer desde cedo um monitoramento próximo por parte dos pais.  O primeiro grande desafio é a disciplina.  Mostrar e deixar claro que existe alguém que é mais forte ela (a criança) e que os desejos e as vontades terão de esperar o tempo oportuno para que sejam atendidas.    O próximo passo é ajudá-las a tomarem as próprias decisões, decidindo o que é melhor no momento.
Mentir, inventar ou fazer promessas para o futuro, só retarda o amadurecimento e incentiva a rebeldia, quando determinada vontade não for satisfeita.  Haja sempre com a verdade.  Não sinta vergonha de dizer que está duro ou a falta de coragem de dizer “não”.    Mostre aos filhos quanto têm para gastar e mande eles mesmos escolher o presente ou uma roupa, dentro daquele limite.  Os pais podem ajudar, orientando quanto a riscos, perigos ou baixa qualidade na escolha deles. 
Não exponha todos os brinquedos à disposição deles para brincar.  Guarde, esconda alguns que, entre aqueles que sobrarem, a criatividade ajudará a manter o interesse por mais tempo do que seria o normal, se estivessem com todos eles à disposição, cansando-se muito rápido e de uma vez só. 
Deixe os filhos fazer parte da realidade dos pais.  Quando ordenar, justifique com a verdade e não espere que eles “achem” que vocês gostam deles;   expresse, exponha, se abra, mas sem cobranças.     Tudo que eles precisam é de harmonia, segurança e estabilidade emocional, para afastá-los das drogas.  Não importa o padrão de vida, isso não custa dinheiro e está ao alcance de qualquer família. Acredite.
                                                                         Amadeu Epifânio
Projeto Conscientizar – Viver bem é Possível !      
Os filhos são...pelo o que somos.               

quinta-feira, 26 de abril de 2012

DEPRESSÃO NO TRANSTORNO BIPOLAR – Recorrente ou Conseqüente ?
                       A depressão no transtorno bipolar é um sintoma que preocupa (e muitas vezes assusta), principalmente quando acompanhado de ideação suicida.  Em duas literaturas que eu li, onde em ambas abordam a depressão, principalmente em comorbidade (em conjunto) com o transtorno bipolar, reparei que não vi (pelo menos nestas literaturas), nenhuma afirmação conclusiva indicando a depressão como fator conseqüente, indicando ser um fator recorrente, comórbido ao TB.
                        Fazendo uma análise preliminar, poderíamos sugerir que a ideação suicida seja um fator conseqüente da depressão, que por sua vez, conseqüente do transtorno bipolar.  O que nos leva à sugerir também, que a depressão esteja irônica e simultaneamente desempenhando dois papeis, isto é, o de um quarto escuro onde é despejado todo o “lixo” decorrente das crises e, em resposta à isso (e em segundo lugar), esteja levando o dono desse quarto à um sentimento de total impotência para abrir a porta, ascender a luz e organizar esse quarto, ou seja, um estado de ansiedade profunda, decorrente deste medo, culminando, involuntariamente na ideação suicida, como talvez única e melhor alternativa diante do “meu problema”.
Supondo que esse quarto (depressão) pudesse ser aberto e reorganizado e que, após um tratamento também psicológico (além da medicação) poderia talvez levar o paciente à um possível quadro de melhora do seu estado emocional, afastando de vês o fantasma da ideação suicida, além de lhe proporcionar maior interesse em manter o tratamento e a medicação, para conter as crises e ter uma vida mais próxima possível do normal.
Trabalhar na causa para conter os efeitos.  No nosso caso, trabalhar a depressão para conter de vês a ideação suicida (efeito) e ajudar efetivamente na continuidade do tratamento, como um dos maiores desafios hoje para os médicos, para os familiares e para o próprio paciente. Ponha à Deus como princípio ativo na medicação e no tratamento e vocês verão o resultado.

                                     Amadeu Epifânio

Viver bem é Possível ! – Projeto Conscientizar           
Contatos: E-mail: amadeu.epifanio@hotmail.com

Bibliografias: Depressão - Rudiger Dahlke - Ed. Cultrix
                        Transtorno Bipolar na infância e Adolescência -
                        Autores: Lee Fu-I/Miguel A. Boarati

Obs.: Não foram extraídos textos dos livros, sendo os mesmos
          citados apenas como referência.

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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Quais as prováveis causas da dependência alcoólica ?

                                                                                       
                          A causa pode ser psicológica e involuntária. Em meu artigo (aqui no blog) chamado "Psicoemocional - Nossa batalha interior", retrata bem essa questão. O ser humano não nasceu pra viver sozinho; o ser humano é um ser social, precisa estar com outras pessoas. Ele é também um ser carente (característica essa colocada em nós, por Deus, para nos manter próximo DÊle, mas a idéia não vingou, porque o ser humano pensa que pode ser socialmente independente). 
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                           Pois bem, a carência existe e precisa ser compensada, sendo que esta compensação está proporcionalmente ligada à forma de vida de cada pessoa; seu temperamento, comportamento, relacionamentos, locais e pessoas que freqüenta e convive, respectivamente. Todas essas informações estão contidas na mente e sendo constantemente processadas e o resultado dessa média aritmética é devolvido à consciência sempre em momentos em que decisões são tomadas, das mais simples às mais complexas.
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                            A freqüência com que o álcool fará parte do universo desta pessoa, isto é, sendo ingrediente "cativo" em tudo que a mente processa e, somado à outras características que são peculiares de cada pessoa, este hábito de beber poderá ser involuntariamente constante, ao mesmo tempo que a pessoa venha a considerar como sendo hábito normal de final de semana.
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                           Sem perceber, a freqüência do hábito vai se estreitando em vezes por semana, até tornar-se diário, que é quando se desencadeia a dependência. Atitudes repetitivas tendem a ser padrão de comportamento no senso de recompensa, formado pela média-aritmética do comportamento habitual, ou seja, no começo, foi com a turma, depois, com poucos amigos, depois...sozinho e todo dia.
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                           A manifestação neurofisiológica, de fato, não tenho conhecimento, porém, acredito que em decorrência da constância de certos hábitos, algo com certeza irá propiciar ou concorrer para o desenvolvimento doença, isto é, da dependência.  Da mesma forma que hábitos que não se constituem em rotina, o risco de incorrer numa dependência é praticamente zero.
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                           Esse argumento, relativo ao alcoolismo, não é válido para dependentes de drogas em geral, visto que, para tornar-se dependente químico, não é necessário haver constância de hábitos de consumo, principalmente quando se trata de crack ou cocaína, onde uma pequena experimentação, com certeza já pode levá-lo à desenvolver dependência.
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                          Baixa auto-estima, insegurança ou instabilidade emocional (casual ou prolongada), podem levar uma pessoa a desenvolver dependência, no mínimo com tabagismo, depois com ou somente o álcool e finalmente pode levar à dependência química.

                                                           Amadeu Epifânio
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sábado, 21 de abril de 2012



BULLYING – RESPOSTA DE UM PROCESSO PSICOLÓGICO INVOLUNTÁRIO E NEGATIVO.

Apesar do nome, a conduta do bullying sempre existiu, apenas ganhou nome de status.  Já mencionei algumas vezes que nossas atitudes, condutas e até hábitos comportamentais, são provenientes de um processamento de informações realizados pela mente, cuja resposta nunca é definitiva e sempre parcial ao momento oportuno da necessidade.  Esse processamento é um cálculo aritmético de tudo que a nossa mente recebe de informações, também por sua constância e, se não houver muita variação de informações, a conduta começará a seguir padrões, os quais sofrerão certa demora para serem revertidos novamente, no caso da conduta não vir a corresponder ao que se espera de um comportamento ético exemplar.

O Bullying é resultado aritmético que já vem sendo repetido à algum tempo e sua constância acabou por inserir em seu senso de recompensa, que agora sim, necessitará ser repetitivo para satisfazê-lo.  Chegar à este estágio não foi fácil, mas sim resultado de muitas idéias e conceitos errados que foram alimentados e não monitorados quando devia e, dependendo do padrão de vida que está inserido, o tempo para se chegar á este ponto, pode ser demasiadamente rápido.
O desejo dos filhos inseridos neste contexto familiar arredio, é o de afrontamento, porém nem sempre possível, talvez por isso a escolha de vítimas mais quietas e passivas.  A escolha da prática do bullying pode estar ligado à um ambiente mais hostil, desprovido de valores de convivência, respeito e disciplina, ou seja, reflexo de sua forma habitual familiar de viver.

É preciso extrair do(da) jovem que pratica o Bullying, algumas informações essenciais e atuais, tais como:

1)  Qual o grau de convivência satisfatória que ainda resta na relação com os pais ?
2)  A mesma pergunta em relação aos demais membros da família (irmãos, avós, etc) ?
3) Qual o sentimento dele(a) em relação à vítima que escolhera para maltratar ?
4) Que expectativas tem este(a) jovem (se é que tem) de reaver o convívio familiar ?

Alguns fatores podem desencadear o Bullying, tais como:

a)       Conflitos visíveis ou falta de diálogo entre pais e filhos;
b)       Influência externa inadequada ou moralmente oposta;
c)        Conivência dos pais na conduta indevida dos filhos;
d)       Ausência de uma referência positiva à seguir;
e)       Sentimentos de frustração e decepção dos filhos;
f)        Falta de um ambiente harmonioso e afetivo.
Diante de um quadro como este, não é difícil pressupor que se instale um sentimento de frustração aos pais, agora um obstáculo difícil de transpor, considerando a dificuldades de se manter um relacionamento mais harmonioso ou menos conflituoso, provavelmente em razão de condições de vida não muito satisfatórias, cujas conseqüências sempre recaem sobre os filhos, direta ou indiretamente.
Outro fator involuntário e inegável nesse processo são as evidentes formas, distintas e bem variadas de padrões de vida, as quais estão sempre sendo avaliadas e comparadas entre crianças e jovens de mesma faixa etária, principalmente em ambiente escolar, onde se concentra ali, diversas formas diferentes de se educar e de ser família.  Padrões estão sempre sendo comparados e sua relevância poderá ser mais ou menos acentuada (ou até desprezada), dependendo do conceito formado, da família pelos próprios filhos.
Esperar chegar à este estágio, pode demandar muito tempo para reverter e dependerá muito mais dos pais do que de um psicólogo.  Chame os filhos, estabeleça um diálogo aberto, proponha mudanças de melhora e cumpra.  A resposta à solução ao Bullying (assim como nas drogas) está primariamente evidenciada na família.  Filhos e conduta é só conseqüência. 
                                                                                                               Amadeu Epifânio
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quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Assassinato da asquerosa
                Jorjão era um cara deficiente (obeso e neuropsiquiátrico), que fazia drama com as situações mais banais do nosso cotidiano.  Coisas que não daríamos à menor importância ou valor, Jorjão (com seus 36 anos) era capaz de chamar a polícia para registrar um B.O., para investigar a morte da sua asquerosa, isto é, sua barata de estimação.   Sua mãe, que já conhecia bem suas psicoses, mal dava importância.     Certa manhã, a mãe de jorjão saiu cedo para fazer compras, pois não gostava de enfrentar filas, deixando Jorjão ainda dormindo.  Quando voltava para casa, percebeu uma aglomeração de pessoas em frente à sua casa e de cara,  já desconfiando que tivesse algo à ver com seu filho.   Uma das vizinhas veio correndo na direção de dona Geralda, gritando:
- Comadre, comadre, depressa, venha logo !!
- Calma mulher, o que é que houve ? (responde dona geralda).
- Tá se ouvindo gritos lá de dentro da sua casa.
- Da minha casa ?  Que gritos ?
- Alguém lá dentro está chamando alguém de assassino.  Já chamei a polícia.
- Você fez o quê ?
- Chamei a polícia, houve uma morte lá dentro, criatura.

A vizinhança inteira na maior euforia, só querendo ver o circo pegar fogo, pra ter assunto para o resto do mês, pois a rua andava meio que sem assunto pra fofocar.  Um detalhe passou despercebido.  Ninguém na rua sabia do problema mental do Jorjão, pois dona geralda o mantinha dentro de casa, justamente para evitar problemas e fofocas, pois dona geralda já fora forçada à mudar de casa duas vezes, por causa dos ataques do seu filho Jorjão e é óbvio que ninguém, da nova vizinhança, ainda sabia disso, o que só fazia aumentar a falação e o pavor, diante de mais uma crise do filho.

Dona geralda despediu-se da vizinha que chamara a polícia e entrou.  Ao entrar, viu Jorjão deitado no chão, em prantos sobre o tapete e perguntou:

- O que houve agora filho ?
- mataram ela mãe, mataram ela. ( e caía aos prantos).

Quando dona geralda chegou mais perto, viu do que se tratava.   Jorjão estava com a cara bem encima de uma barata morta e esmagada no chão, pisotiada por um “suposto assassino”.

Lá fora na rua, a vizinhança alvoriçada com o suposto assassinato, quando chegou o carro da polícia civil, tocando cirene e buzinando, para abrir caminho no meio da multidão que já havia se formado.  Dona geralda, desconcertada e envergonhada, tentava ensaiar alguma coisa para se deculpar com os policiais, pelo alarme falso.

Se aproximaram da casa de dona geralda e bateram palmas, chamando a moradora.  Antes que dona geralda saísse completamente de casa, os dois policiais, de olhar soberbo, praticamente empurraram dona geralda de volta pra casa novamente e começaram a fazer uma série de perguntas e com o nariz todo empinado de soberba.  Dona geralda, percebendo a arrogância, ficou na dela e não se preocupou mais em desmentir o dito assassinato.

De repente chega na sala, jorjão, com o rosto em prantos e se dirige aos policiais:

- Vocês vão prender quem fez isso com ela, não vão ?
- Fique tranquilo que vamos pôr o meliante na cadeia.
- Não senhor, eu quero aquele que fez isso com ela.
- Pois é. É justamente desse que eu estou falando.  Como era a vítima ?


- Uma barata.  (Responde dona geralda).
- A senhora quer dizer como uma barata.
- Não senhor, uma barata mesmo.
- Entendi.  A senhora não devia gostar muito dela, não é mesmo ?
- Quem é que gosta de ter uma barata na sua vida ?

E continua o interrogatório...

- A senhora conhece alguém que tinha motivos para matá-la ?
- Claro ! todo mundo.
- Ela era tão ruim assim ?
- Asquerosa eu diria.
- Como ela vivia ?
- Pelos cantos.
- Tinha amigas, parentes ?
- Nossa !  quantos !
- Quando foi a última vês que à viu ?
- Olho para ela o tempo todo.
- Entendi, ela ainda está bem presente ainda.
- Pode se dizer que sim.  Vocês não querem vê-la ?
- Vamos deixar isso para a perícia.
- Tem certeza ?  pode não ser necessário.
- Minha senhora, temos de seguir um protocolo.  À propósito, a senhora poderia nos acompanhar até a delegacia ?
- Para quê ?
- Temos de fazer uma comunicação formal de um assassinato da dona... como era mesmo o nome dela ?
- Asquerosa (responde jorjão, soluçando).
- Minha senhora, preciso do nome verdadeiro dela.
- Barata tem nome ?  Meu filho chamava ela de asquerosa.
- O que ela era sua ? 
- Nada.
- E porque o seu filho era tão próximo dela ? Tanto que está até transtornado.
- É da natureza dele, desde que nasceu.
- Onde está mesmo o corpo dela ?
- O senhor não vai acreditar. (o policial estava quase pisando nela).
- Bom, precisamos ir à delegacia fazer a ocorrência. 
- Por causa de uma barata ?
- Minha senhora, por mais repugnante ou asqueroso, que seja alguém, precisamos notificar o seu desaparecimento ou sua morte.
- A senhora têm os documentos da vítima ? alguma identificação ?
- Seu policial, pra mim, era como se ela não existisse.  Como vou ter algum pertence dela ?
- Ela não portava nada consigo ?
- Sómente aquela aparência asquerosa e repugnante.
- Minha senhora, tenha paciência, logo a senhora se livrará de vês dela.
- É o que o senhor pensa.  Longo, os parentes dela estarão por perto.
- Para o velório.
- Não.  Para terminar o que ela não conseguiu.
- E o quê ela não conseguiu fazer ?
- Vasculhar o meu lixo.
- Procurando alguma coisa para lhe chantagear ?
- Não. Para tirar minha tranquilidade mesmo.
- Qual a relação do seu filho com a vítima ?
- Passatempo, distração.
- Não eram apegados ?
- Por Deus, não.
- Seu filho e ela nunca brigaram ?
- Somente quando ela se perdia pela casa.
- Essa casa não é tão grande assim.
- Para a asqueroza, era.
- Bom senhora, nós vamos andando.  A senhora vai nos acompanhar ?
- É realmente necessário ?
- Já disse, precisamos registrar a sua morte.
- Mas vocês nunca fizeram isso com os parentes dela que já morreram...
- Provavelmente por que não houve denúncia e sabe-se lá onde deixaram o corpo.
- Onde mais ?  No meio da rua.
- Não creio que as pessoas sejam tão insencíveis. (responde o policial).
- Pode apostar que são.  Matam, largam alí mesmo e vão embora. Eu já vi muitos fazerem isso.
- E porque não denunciou ?
- Pra quê ?  São tão insignificantes.  Aposto que até o senhor teria corajem de fazer o mesmo.
- Está enganada.  Nunca, jamais faria uma coisa dessas. (afirma o policial com toda convicção)
- Policial, estamos falando de uma barata.
- É impressionante a forma como a senhora retrata a vítima.
- Mas eu estou falando a verdade.
- Já chega, senão terei de levá-la e indiciá-la como suspeita.
- Suspeita ?  Eu ?  Quando o senhor virar as costas, eu vou pegá-la e jogá-la no lixo.
- Bom saber, vou indiciá-la e prendê-la também por ocultação de cadáver.
- O senhor não pode estar falando sério.
- Pode apostar que estou.
- Quer dizer então que o senhor jamais mataria uma barata.
- Minha senhora, se se referir à vítima desta forma outravês, vou algemá-la. Fique certa que eu honro este uniforme.
- Difícil acreditar.  Estes homens já não são como antes.
- A senhora comporte-se ou terei de prendê-la por desacato.
- Por causa de uma barata ?
- Agora já chega.  A senhora me acompanhe.
- Mas e o meu filho? Não posso deixá-lo sozinho.
- Bem, está bem então, desta vês passa.  Eu vou ficar lá fora esperando a perícia.  E a senhora, por favor, não deixe ninguém se aproximar da vítima.
- Fique tranquilo, o que as pessoas mais querem é distância.  Já posso jogá-la no lixo ?
- Não mexa na vítima em hipótese alguma.  (Responde gritando o policial). 

De repente uma barata cruza o caminho do policial e, sem perder tempo, pisa sem dó nem piedade.

- O senhor não me disse que jamais faria isso ?  Pergunta dona geralda indignada.
- Mas é apenas uma barata.
- É ?  E o que é isso que está no meu tapete esmagado, que o senhor está querendo até chamar a perícia para descobrir quem matou ?  Aproveita, que vai chamar o rabecão e diz que agora são duas.


                                                                                Amadeu Epifânio