sábado, 10 de março de 2012

O Julgamento de Lindemberg – Defesa sem contundência.






Devo admitir que fiquei perplexo e extremamente desapontado com a defesa inconsistente daquele rapaz, que levou por culminá-lo à uma condenação injusta e expressiva, por não terem os jurados recebido,  por parte da defesa (que praticamente lavou as mãos), argumentos mais contundentes e conclusivos (sob aspecto humano) sobre os fatos que se sucederam no referido apartamento, quando do episódio que levou à morte à jovem Eloá e não por muito pouco sua colega, a jovem Nayara, que felizmente sobreviveu ao tiro acidental na face, decorrente da ação desastrosa, como sempre, provocada pela polícia militar.
Senhores leitores, a atitude que Lindemberg tomou naquele dia fatídico, não foi diferente (e não mais grave) de tantos outros episódios de pessoas que atentaram contra a vida de suas companheiras, por sentirem-se inconformados com o término dos seus relacionamentos, por iniciativa delas próprias.  Lindemberg não foi ao apartamento de sua namorada Eloá para matá-la, apesar de estar portando consigo uma arma de fogo.  Não teve lindemberg essa intenção, ao contrário de muitos que atentam (e com êxito) o seu feito, sem mesmo referir à vítima qualquer palavra ou argumento que seja, antes de tirar-lhe à vida.
Se fosse essa a intenção de Lindemberg, já o teria feito nas primeiras horas em que chegou ao apartamento da namorada.  Lindemberg foi a casa de Eloá com o propósito de tentar reatar o namoro e não de matá-la.  Possivelmente estivesse portanto a arma com a intenção de intimidar possíveis presença de pessoas, além da namorada, para que não o atrapalhasse em seus argumentos para com a namorada.  Até então, lindemberg estava sob forte emoção, diante da namorada, num ato de desespêro, em tentar reatar o seu romance interrompido.
Já não bastasse estar emocionalmente perturbado e inconformado, chega então, para fazer parte da cena e piorar o quadro de instabilidade emocional de lindemberg, a já despreparada polícia militar, que tráz consigo na bagagem, um histórico de legados negativos.  Histórico de medo de bandidos, em não querer ser morto por ela ainda no trajeto até uma delegacia.  Fato que se confirma através da exigência deles em querer ter por perto um promotor de justiça e até mesmo a mídia.  Legado de despreparo emocional e psicológico de lidar com situações de negociação com sequestradores;  legado de negligenciar o momento presente, à fim de se levantar a melhor estratégia de argumentos para com (e até então) o infrator suspeito.
Ao tomar conhecimento da chegada da polícia, lindemberg se desespera e ver cair a ficha da besteira que fez, não por invadir o apartamento da namorada, mas por fazê-lo portanto um revólver.  À partir daí, muda-se radicalmente o foco de lindemberg, que não era mais o de reatar seu namoro com Eloá, mas o de sair vivo daquela situação, dada, repito, à sua concepção, assim como de uma grande parte da população, ao menos de criminosos, em temer pela sua vida, quando em mãos da polícia, após sua captura.
De um menino assustado e primário em sua atitude, lindemberg agora está terrivelmente desesperado com o desfecho de sua tentativa frustrada de reatar o namoro com Eloá, dado ao fato de que ele não tinha, até então, nenhum histórico criminoso e que portanto não poderia agir com a frieza que fosse respectivamente peculiar.  Quem de nós já não passou por atitudes desesperadas ? Quantos de nós quase não agredimos pessoas (física e verbalmente) por estarmos em descontrôle emocional ? 
As ameaças de morte feitas publicamente por lindemberg contra a namorada, eram para fazer reprimir as tentativas de negociação, para que o fizesse se entregar mas, nessas horas, como confiar na polícia ?  quem realmente acreditaria na sua inocência, de apenas querer de volta a pessoa que ele amava tanto e que, por uma atitude desesperada, pôs tudo à perder.  O erro já havia se caracterizado com o porte de uma arma, não dava mais para volta atráz.  Sua imprudência já havia alcançado consequências, que já estavam fora do seu contrôle.  Senhores, quem realmente se entrega tão rapidamente à circunstâncias como essas ?  Põem a mão na consciência, coloque-se na condição dele e responda com toda humildade e sinceridade: Você, numa situação como à dele, se entregaria tão facilmente ?  Sem temer por sua vida diante de tudo que aprontou até aquele momento ?  cá pra nós:  É Ruim hem !
Lindemberg se comportara como uma criança que acabara de fazer uma arte, isto é, estava se sentindo acuado, com medo de tudo e de todos e sem poder administrar emocionalmente, toda aquela pressão psicológica.  Lindenmerg não era bandido, não tinha antecedentes, era trabalhador e apenas mais um inconformado com término de relacionamento amoroso.  Ele não foi à casa de Eloá para matá-la, do contrário já o teria feito nas primeiras horas e portanto, não houve premeditação, mas sim desespero de causa, agravado ainda pela presença de uma polícia despreparada para lidar com situações que envolve grande stresse emocional. Os tiro que acertaram Eloá e Nayara, foi fruto da forma estúpida, inconsequente e mal planejada, da invasão da polícia ao aprtamento.
O que se sucedeu naquele fatídico dia foi uma sucessão de erros e de atitudes precipitadas; Em parte sim, de Lindenberg e parte, pela polícia, que usa prepotência ao invés de pessoas devidamente habilitadas (como psicólogos) para dialogar com pessoas emocionalmente perturbadas ou desesperadas.  Espero ter passado aos leitores um pouco mais de Luz, aos fatos que se sucederam, para que façam (embora tarde) e largando as pedras, um juízo mais justo sobre o fato e sobre o menino Lindemberg e lamento profundamente, pela morte trágica e lamentavelmente acidental da menina Eloá. Se tem uma coisa que eu aprendi em meus estudos sobre o comportamento humano foi que: “Ninguém faz o que faz, senão em razão de algo que o motive”.
O mundo hoje tornou as pessoas mais inconsequentes, em razão da falta de referências que deveríam advir de nossas principais instituições públicas e principalmente a familiar. O declínio gradativo e progressivo destas referências, levam nossos jovens (e muitos “marmanjos”) à cometerem erros infantis, simplesmente porque uma grande maioria já faz e não é punida.
Quando você tem seu carro amassado por outro carro que passou correndo e foi embora e você que estava na calçada lavando seu carro em companhia do seu filho de 5 anos, resolve ir atráz do meliante que amassou o seu carro e ao se aproximar do carro dele, o mesmo desce já atirando na sua direção, ecertando seu filho que estava no banco de tráz do seu carro, vitimando-o.  Aquele meliante era um ladrão em fuga da polícia, e foi julgado e condenado à uma pena que você achou pequena demais e absurda, pela vida que ele tirou do seu filho.
Agora eu pergunto:  Quem está mais errado ?  O ladrão que tirou a vida do seu filho, ou você por cometer dois erros: por ter ido tirar satisfação pessoalmente (quando poderia ter anotado a placa) e pior: por ter colocado seu filho em risco, levando-o junto com você.  Pergunto: Quem, na verdade, merecia maior punição pela morte do menino ?
Outro exemplo: 
Você sai de férias com sua família, de carro e numa estrada congestionada, resolve ultrapassar pelo acostamento aquela longa fila indiana de veículos parados, quando de repente bate num veículo que estava parado no mesmo acostamento, por causa de um pneu furado.  Você o outro motorista discutem, ele saca uma arma, atira e acerta sua esposa.  Pergunto: Quem foi o culpado pela morte dela ?  O outro motorista ou você por sua imprudência, em querer dirigir pelo acostamento ?
Um questionamento e reflexão:
Se, em ambos os casos, houvesse um terceiro elemento que fizesse o papel de pacificador e o impedisse de agir da forma imprudente que agiu, os desfechos em ambas situações, não poderíam ser diferentes e seus respectivos óbitos não poderíam ter sido evitados e suas vidas terem se prolongado um pouco mais ?
O grande “x” da questão, não é tanto o fato de portar uma arma, mas sim as condições emocionais e psicológicas do seu portador, num dado momento.  Fatores externos podem tanto incentivar, motivar, quanto reprimir uma intenção de usar uma arma se, esses fatores forem devidamente aplicados ao momento existente e conturbado, para que seu desfecho alcance a expectativa coletiva, que é a de não haver vítimas, tanto graves quanto fatais.
É muito fácil querer atirar pedras e ainda achar que está acima dos outros e que seus erros são mais irrelevantes que os outros.  Por causa de pensamentos como estes, é que contaminamos uma série de pessoas à pensarem igual e agirem igual à você.  Quem pode nos garantir que a pessoa que tirou a vida de um ente querido seu, não foi um dia contaminado com a sua forma de pensar ?  Lindemberg, assim como Eloá, são vítimas de uma sociedade egoísta, que prega suas próprias regras em pró apenas de sua própria conveniência e não pelos outros.
Somos...pelo o que somos.
                                                                      Amadeu Epifânio

Um comentário:

  1. Fiquem à vontade para comentar. Acredito que há mais coisas à serem relevadas, do que aquelas que foram apresentadas no julgamento. leiam e vejam se compartilham comigo. Abs.

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